Espetáculos

Guerreiras (Teatro)Unaluna - Pesquisa e criação em Arte (SP)

Em 2001, na cidade do Recife, acometida por repetidas imagens oníricas, a artista Luciana Lyra trouxe à cena uma guerreira. Corporificou o mito de Joana d’Arc, desdobrando-o em diversos arquétipos femininos, que deram origem a uma vivência cênica, que longe da Joana Francesa, viria dialogar com a cultura popular de Pernambuco. Este estudo virou tema de mestrado na Unicamp-SP, entre 2003 e 2005, resultando na performance Joana In Cárcere. Em 2007, Luciana Lyra partiu para o aprofundamento da máscara ritual da guerreira Joana, ouvindo os ecos de um imaginário comum em Tejucupapo, onde, antes dela e bem perto dela, trincheiras tinham sido escavadas na proteção da identidade, do espaço e da história de outras e várias mulheres. Foi no período de ocupação do Nordeste do Brasil, em particular, de Pernambuco, pelos holandeses, entre 1630 e 1654, que ocorreu o episódio conhecido como a Batalha de Tejucupapo, que liderada por Maria Camarão, tornou-se o primeiro combate com participação feminina, registrado em território nacional. Foi também no mesmo distrito de Tejucupapo, localizado no município de Goiana, Zona da Mata Norte do Estado, que D. Luzia Maria da Silva, funcionária pública, lotada no posto de saúde do lugarejo, passou a restaurar a peleja histórica das suas conterrâneas ancestrais por meio do teatro, num épico intitulado A Batalha das Heroínas, encenado desde 1993 e que tem como  protagonistas, as moradoras da comunidade. No teatro as mulheres trazem à tona as suas próprias vidas, armando-se das máscaras de suas antepassadas. A investigação sobre o modo de atuação das mulheres de Tejucupapo no espetáculo A Batalha das Heroínas transformou-se na pesquisa de doutorado de Luciana Lyra, vinculada à Unicamp e orientada pelo Prof. Dr. John Dawsey, do departamento de Antropologia da USP. O foco é a dialética da representação, colocando em questão a máscara ficcional em detrimento da máscara ritual, que se revela na experiência simbólica da performance. Como experimento prático desta investigação construiu-se o espetáculo GUERREIRAS, realizado com uma equipe de pesquisa cênica, sob a direção geral e dramaturgia de Luciana Lyra,  inspirado, primordialmente, na vivência com o imaginário das heroínas da mata norte de Pernambuco. GUERREIRAS estreiou em 2009, cumprindo temporada no Recife e em Tejucupapo, com patrocínio do Funcultura-PE. Em 2010, circulou pelos fortes da capital pernambucana, com apoio dos Prêmios Funarte Myriam Muniz de Teatro e Artes Cênicas na Rua. Também teve apresentação no campus da USP e no Espaço Os Fofos Encenam, em São Paulo.

 

 

 

 

 

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