Espetáculos

Obscena (Teatro)Unaluna - Pesquisa e Criação em Arte e Duas Companhias (PE)

Obscena surge da pulsão da atriz Fabiana Pirro (Duas Companhias) em discutir sua condição existencial, como artista e mulher no mundo, procurando extravasar sua reflexão pessoal para um coletivo de mulheres, que se indaga incessante sobre seu estado na contemporaneidade. A obra poética de Hilda Hilst serve como arcabouço e moldura para a expressão de Pirro e a figura de Hilda aqui é tomada enquanto mitologia pessoal. No projeto OBSCENA intenta-se uma atuação onde  as pulsões pessoais da atriz Fabiana Pirro coadunam-se com a poética da escritora Hilda Hilst, fomentando uma atuação f(r)iccional com personas-tipos, que se articulam de acordo com as impulsos idiossincráticos  advindos dos laboratórios de criação, que por si, alimentam o processo de escritura dramatúrgica.

Desta perspectiva, estimulou-se a criação dramatúrgica/cênica por meio de deslocamentos da atriz e da diretora/dramaturga para a atmosfera vivida pela escritora Hilda Hilst, trânsitos tomados como jornadas artetnográficas, onde imagens, sons, textos, ruídos, cores, diálogos são vivenciados no sentido da construção performática. A primeira jornada artetnográfica aconteceu em maio de 2014, na residência criativa realizada na Casa do Sol, espaço edificado por Hilda Hilst em 1965 e que abrigou a autora até seu falecimento em 2004. A Casa do Sol foi local de grande efervescência cultural, freqüentada por escritores como Caio Fernando Abreu, Lygia Fagundes Telles, Mora Fuentes, Maestro José Antônio de Almeida Prado e os físicos César Lattes e Mario Schenberg. Na Casa do Sol, tomou-se contato e firmou-se um intercâmbio entre as artistas de Obscena e o universo criativo da escritora, de maneira tramada e rizomática, onde desejos destas artistas estabeleciam recortes e olhares específicos da experiência.

A segunda jornada artetnográfica foi realizada em  julho de 2014, quando da produção da Mostra Hilda Hilst: poesia e prosa, na Galeria Castro Alves, em Recife-PE, onde foi discutida a obra da autora em estado de total ludicidade, por meio de pequenas leituras dramáticas de textos-referência de seu acervo bibliográfico. Através da Mostra e do contato com o público na discussão de sua literatura, passou-se a elencar livros-base para a elaboração dramatúrgica, como: Do desejo, A morte e odes mínimas, poemas gozozos e malditos, cartas de um sedutor, Hilda Hilst- Entrevistas, desvelando um trajeto que vai do poema à prosa, do etéreo ao cotidiano, de Deus ao corpo. O espetáculo teve estreia durante o Festival Janeiro de Grandes Espetáculos, em janeiro de 2015, no Teatro Marco Camarotti, Sesc Santo Amaro, em Recife-PE.

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