Destaques

  • 14 de março de 2017

    ANTÍGONA, sob direção de Luciana Lyra, na OCUPAÇÃO LAURA CARDOSO, do Itaú Cultural-SP

    Nos próximos dias 17 e 18 de março de 2017, às 19h, serão as apresentações da leitura dramática de ANTÍGONA, de Sófocles, tradução de Millôr Fernandes, sob direção de Luciana Lyra. A leitura toma parte da OCUPAÇÃO LAURA CARDOSO, no Itaú Cultural, em São Paulo. Para viajar com Lyra ao mundo de Tebas reuniu-se um exército da artesania teatral Katia Daher, Walter Breda, Simone Evaristo, Marcelo Andrade, Alberto Brigadeiro, Tay Lopez, Paulo de Pontes, Carlos Ataíde, Marianna Monteiro, Almir Martines, Pedro Stempniewski, Alex Bischiliari, Fabio Gark, Renato Guiselini, Paulo Custodio (Kizumba) e Mestre Nico.
    E para nos ajudar nos meandros da tragédia sob a perspectiva psicanalítica a grata presença de Eugênia Correia.

    Antígona: o sentido de (re)existir em tempo presente!
    Por Luciana Lyra

    O mito nos devolve à fenda original, à cova onde habita o húmus a partir do qual fomos modelados e que, encarnados, continuamente somos. Retornar às tragédias gregas é justamente penetrar, por meio do mito, nesta fenda, na perseguição de vestígios de humanidade e no desejo de relembrar, recomeçar, reaprender, remodelar o mundo. Quando escavamos, escavamos e ao fundo desta fenda redescobrimos Antígona, deparamo-nos com o reaprendizado do sentido da justiça e da igualdade. Convocando-a ao rito da cena, por meio desta leitura dramática na OCUPAÇÃO LAURA CARDOSO, inscrevemos novamente na nossa carne o reencontro profícuo e selvagem com a encruzilhada. Antígona é filha da encruzilhada, da cegueira. Na sombra da noite, feminina por excelência, ela avança e escavaca pelos restos de seu irmão, em favor das leis divinas e transgredindo a prevalência da lei dos homens. Antígona alça uma situação pessoal/familiar ao cimo de uma crise política, rompe com a dominação masculina, numa ação que pode ser considerada, fundamentalmente, feminista. Esta é nossa Antígona! Uma mulher guerreira, de bandeira em punho, de discurso ativo e feroz. Ao corporificarmos sua voz, em especial no atual contexto político brasileiro, de medidas suspeitas, desarticulação das lutas de mulheres e de outras minorias, acabamos por reafirmar a batalha contra uma sociedade marcada pelo ferrete patriarcal, firmando o espaço do teatro como um privilegiado lócus de reinvindicação e re(existência).

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